A demanda crescente por alimentos contribui para o uso desordenado e excessivo de pesticidas no setor agrário
apesar dos efeitos extremamente tóxicos destes agentes químicos no ambiente e na saúde humana [1,2]. Portanto,
é essencial obter soluções imediatas para reduzir o risco de contaminação por pesticidas no meio ambiente [3].
A aplicação da nanotecnologia tem atraído grande atenção para revolucionar o cenário agrícola, principalmente no
desenvolvimento de nanopesticidas (NPest) com o intuito de aumentar a solubilidade dos agrotóxicos, proteger os
agrotóxicos da degradação, bem como para promover uma libertação segura dos pesticidas com a finalidade de
minimizar o impacto no meio ambiente e na saúde humana [4].
NPest podem superar algumas limitações apresentadas pelos pesticidas convencionais, incluindo resistência aos
agentes patogénicos e às pragas, diminuição da qualidade do solo, da biodiversidade e dos seus serviços. Além
disso, os NPest podem proporcionar uma gama de benefícios tais como a redução nas quantidades de pesticidas
necessárias para se obter a eficácia desejada dos mesmos. No entanto, apesar dos benefícios que os NPest podem
oferecer ao setor agroalimentar, os efeitos adversos para a saúde humana e o impacto ambiental associados à
exposição a longo prazo a tais sistemas são atualmente o foco da comunidade científica e das agências reguladoras
[5]. De facto, os NMs exibem propriedades únicas, incluindo tamanho de partícula, hidrofobicidade, carga superficial
e características óticas e magnéticas que podem diferir substancialmente dos respetivos materiais em grande escala,
e assim, podem aumentar a sua reatividade, promovendo uma interação elevada com as membranas celulares que
podem originar maiores efeitos tóxicos [6, 7].
Há escassas informações acerca do potencial toxicológico dos NPest da literatura. Os estudos realizados com
NPest têm-se dedicado apenas ao uso de NPest para alcançar uma libertação sustentada dos pesticidas ou para
protege-los da degradação. No entanto, espera-se que a exposição humana e ambiental aos NPest e aos seus
resíduos nas culturas, no solo e na água possa aumentar em conformidade. Portanto, é crucial abordar os impactos
ambientais dos NPest para garantir o seu uso consciente, seguro e sustentável na agricultura. Embora, vários estudos
científicos tenham focado na avaliação da eco/citotoxicidade dos NMs, os mecanismos de toxicidade destes sistemas
permanecem desconhecidos.
Este projeto propõe-se desenvolver e caracterizar novas formulações de NPest, proporcionando paralelamente
estudos de eficácia em modelos de pragas e ensaios toxicológicos em linhas celulares humanas, bem como em
organismos aquáticos e terrestres seguindo protocolos padronizados. O sinergismo entre os conhecimentos da
equipa, incluindo a experiência na preparação e caracterização dos NMs, experiência extensiva em eco/citotoxicidade
são essenciais para atingir os objetivos desta proposta. |